quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Qual o seu nome mesmo?

O ruim não é não ouvir, mas achar que ouve. - Meu lema hahaha
Porque eu consigo deduzir muito bem o que as pessoas falam, mas se elas falam algum NOME, aí complica. Nome próprio, de cidades, alguma marca de produto, qualquer coisa que não seja frase comum me faz notar como não escuto, é tudo dedução. Já noto isso quando vejo televisão ou ouço rádio, porque o entendimento é quase zero, mas na questão dos nomes é mais evidente.

Hoje pela manhã estava no ponto de ônibus com duas vizinhas novas, e elas começaram a conversar comigo sobre o frio, que precisam colocar vários casacos - aquela conversa normal - e que tinham se mudado recentemente...Entendi tudo, sem os aparelhos, só lendo lábios e deduzindo. Até que elas perguntaram meu nome, eu respondi e perguntei o delas.
E não faço a mínima ideia de como elas se chamam, mesmo após pedir pra repetir os nomes! Isso acontece sempre com pessoas novas!! Portanto sei que deduzo frases completas. Eu geralmente entendo o que a pessoa diz só após o término da fala, e mesmo com leitura labial eu acompanho com um pequeno 'delay' - atraso.
Ao telefone, às vezes demora uns 2 ou 3 segundos após a fala para entender, e só se eu souber o assunto.
Uééé, deficiente auditiva no telefone, Dani? -  Sim, mas sempre foi absurdamente difícil atender uma ligação, antes dos aparelhos, só se fosse com alguém beeem conhecido e no meu celular, que é extremamente alto, bem apertado na orelha. Em outros telefones/celulares, nem tentava. Primeiro dia no trabalho? Procurei na internet o manual do telefone pra ver como aumentava o volume. Porém mesmo com os AASIs só consigo atender no ouvido esquerdo e se não tiver mais nenhum som no ambiente.
Alguém falou perto de mim enquanto estou em uma ligação? Já tenho que pedir pra repetir tudo!

Essa questão de saber o assunto é importante, pois se alguém chegar e falar, por exemplo, "voltímetro" no trabalho, provavelmente não vou entender. Mas na aula, às vezes o professor sai do campo de visão e eu consigo entender mais ou menos o que ele diz, pois já sei as prováveis palavras que podem ser usadas.

Mas nem sempre é fácil: há uns dias, a professora de eletrônica falou "amplificador operacional" diversas vezes, e eu não conseguia entender, "Am?i?ica?or  o?essional" ???? Que isso, gente??  Com a leitura labial consegui entender o "d", de amplificador, mas foi preciso ler no slide pra entender o que era. E só depois de saber o que era, quando ela falava, o cérebro preenchia como uma "miragem" e eu acreditava que estava ouvindo. Rotina, normal.

Dizem que quem perde um dos sentidos, desenvolve outro. Eu acredito que no caso da surdez, desenvolve-se uma habilidade cognitiva maior para deduzir, processar os sons que ainda escuto, pois com tão pouco, a mente já procura em uma lista enorme de palavras aquelas que mais se encaixam, considerando o assunto, leitura labial, contexto da frase e as poucas consoantes que são captadas. Isso em milésimos de segundos.
É incrível também abrir um vídeo no youtube sem som nenhum e entender quase tudo pela leitura labial - e um pouco, se for em inglês.
E a leitura de texto, então ? Enquanto outros leem uma página, já li 8 vezes, pensei sobre, corrigi os erros de português (culpa do TOC hehe) e estou esperando terminarem. Incrível?  Não, normal! Sempre encontramos um caminho pra suprir aquilo que nos falta. Ainda bem, não ? Imagine não ouvir e ainda ser devagar para ler legendas, muito mais complicado!

Sinceramente, não sei como passei tanto tempo achando que ouvia, que só tinha uma "perda leve".

E você, o que gostaria de compartilhar sobre a perda auditiva?

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